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"Hobbies são manias que protegem o mundo de nossa insanidade, adquira alguns e terá menos vontade de atirar objetos sobre outras pessoas."
Viviane das Graças Vieira


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

DIFERENTES CLIENTES, GRANDES NEGÓCIOS...

O cidadão chegou à loja, olhou freneticamente as grandes prateleiras, procurava algo. Andou por uns minutos, olhou no relógio, era por volta das cinco da tarde.
Suava frio, imaginava quão certa seriam as Leis de Murph, “quanto menos tempo temos, mais depressa ele passa”.Não era sempre assim, tão pessimista, mas a ocasião não era boa.
Na segunda-feira o patrão lhe havia pedido para “ dar um jeito” na cortina, trabalho simples, a cortina já estava pronta, só era necessário fixar o varão para instalá-la. Foi aí que surgiu o problema.
Passou a semana inteira ocupando-se de outras tarefas; não louvável como os estudos para combater a fome, a inflação ou o aquecimento global, nem mesmo procurando possíveis soluções para a precariedade de valores da sociedade contemporânea, também não gastou toda sua semana com assuntos sem qualquer importância, ao menos para ele. Enfim nem 8 nem 80, só concluiu que a sexta-feira chegava ao fim e ainda não resolvera este pequeno detalhe (fique em nota que era sua primeira semana no trabalho e instalar uma cortina talvez não fosse assim tão simples).
Parou a primeira vendedora que encontrou, questionando-a a respeito do varão, esta lhe apontou outra que certamente o ajudaria:
- Por aqui, por favor.
A vendedora lhe apresentou seu objeto de interesse, tinha um custo entre 20 e 25 reais. Pensou na situação financeira do país, no valor do pão, no aumento do leite, olhou, analisou: “Vale a pena!”, afinal, era seu emprego que estava em jogo.

Antes de concluir a compra perguntou:
- Como se instala?
- Juntamente com o varão vai o suporte para fixá-lo na parede, os parafusos e as buchas...
- Bucha?!
- Sim, senhor.
Seria necessário uma furadeira. O trabalho de procurá-la, emprestar de alguém e já havia passado das cinco.
- Não há outro jeito? Uma outra opção?
- Temos varões maiores que, não necessariamente, requereriam o uso de bucha ou parafusos. Qual a medida da parede?
- Entre dois metros e meio e três.
Olhou os varões maiores: eram ótimos; o preço não variava muito, porém eram grandes demais.
- O senhor teria de serrá-lo, não seria tão difícil, com o uso de uma simples serra poderá fazê-lo.
- Uma serra?
- Sim. Pra tirar o excesso.
Teria ele de comprar uma serra e assim mesmo não teria resolvido o problema, além disso, não era bom com serras e o tempo estava se esgotando.
A vendedora passou a compartilhar da mesma angustia, queria ajudá-lo, mas não havia mais opções, todas já haviam sido descartadas. Por mais que treinemos nosso espírito empreendedor e sejamos o povo que sempre “dá um jeito”, não estamos preparados para tais situações.
- Um varal!
O sujeito enlouqueceu, queria um varal, afirmou que era a solução: um varal e alguns pregos. Prenderia o varal e estenderia a cortina, só precisava agüentar por uma hora para agradar o chefe.
A funcionária duvidou, mas mostrou o varal e os pregos. Custaria para ele menos que cinco reais, e este já não tinha mais tempo. Comprou e se foi, saiu satisfeito, sem ninguém entender.
Nestas horas é valido a máxima de que : “O cliente tem sempre razão”.


(baseado em vendas reais)
Viviane das Graças Vieira

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