Parei numa noite para pensar em todas as pessoas que já conheci, cada uma que em dias, horas ou minutos se dispuseram a dividir parte de sua história comigo, me perguntei onde elas estariam e se o nosso encontro na trajetória da vida teve alguma importância. Temi que a resposta fosse “não”; infelizmente em muitos casos foi. O que me faz refletir que todo dia das cem pessoas que passam pela nossa vida, muitas vezes e quase todas não damos a devida importância.
Não me condeno, mas me culpo. Não me condeno porque sei que o tempo passa e tem passado mais depressa que minha compreensão e é fácil se perder diante das vitrines e dos “outdores” da vida. Por outro lado me culpo por saber e me perder, deixar as pessoas e os momentos passarem e não fazer nada. Culpo-me por saber que podia fazer muito mais do que realmente faço, por saber que o meu medo, minha indiferença, meu egoísmo supera o meu “ser pessoa” e me impede de estar disponível ao outro.
O padre Fabio de Melo relata no seu livro que ser pessoa consiste em “dispor de si” e “estar disponível”. Esses dois pilares se completam e se entrelaçam, é a perfeição de Deus que fez tudo interligado numa relação harmônica e divina que nossa imperfeição e limitação não é capaz de compreender. Se “dispor de si” significa ter posse de si mesmo entende-se que todo momento que nos perdemos ou deixamos as frustrações, os medos, as preocupações exageradas nos roubarem, entregamos a posse da nossa vida, não podemos dispor de nós mesmos quanto mais estar disponível.
Saber disso é que me faz sentir-me culpada, embora saiba que a culpa por si só nada modifica e nada constrói. Então percebo que o que quero não é a culpa, é a responsabilidade de me resgatar, de estar e ser para mim e para o outro o que na essência Deus criou. O que realmente quero é viver o desafio de me encontrar, de ser realmente pessoa, de saber o que sou e o que não sou e não mais perder a oportunidade de ser para as centenas das pessoas que encontro todo dia.
Não quero ser a melhor pessoa do mundo, só quero ser o melhor que posso.
Viviane das Graças Vieira
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