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Hobbies

"Hobbies são manias que protegem o mundo de nossa insanidade, adquira alguns e terá menos vontade de atirar objetos sobre outras pessoas."
Viviane das Graças Vieira


quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ônibus


1h e 14 min, tarde de sol, aos poucos um aglomerado de pessoas se forma com um objetivo comum: entrar no ônibus. Primeiro entra o motorista bate o cartão, ajeita a cadeira, guarda a bolsa, vira a placa, olha o retrovisor e faz sinal para que ente o primeiro passageiro. Um a um entram no ônibus, olham o motorista passam a catraca, todos com total naturalidade, fugindo às vezes em que o bilhete trava. As curiosidades começam aí, porque há maior busca pelos bancos altos e os da última fileira? E porque a pessoas insistem em sentar do lado do banco voltado para o corredor quando estão sozinhas? É constrangedor entrar no ônibus e ter de pedir licença para o individuo que está aparentando ter poucos amigos, dá a entender que estamos invadindo um espaço proibido, acredito nessas entrelinhas haver uma mensagem subliminar que diz: “Não sente!”, “Não importune!”, “Sujeito a mordidas!” Ou algo parecido. Você já fez isso! Sentou-se, desejando ocupar todo o banco. Ou pior, ás vezes aspirava que o ônibus lotado não recolhesse mais ninguém. Claro que já passou por isso, se não passou: vai passar. Falo por experiência própria. Certas situações tiram de nós respostas um tanto quanto egoístas. Imagine a cena: “busão” lotado (com todo o poder da palavra), final de tarde, trabalhadores estressados, pernas doloridas, você sente que não cabe mais ninguém e que se não tivesse perdido aquele 1Kg na academia o veículo não sairia do lugar. Neste instante se aproxima um ponto: nele está uma grávida e um casal de idosos – fique em nota que a grávida havia engordado além do necessário para uma simples gestação – vai dizer que a essa altura não passou pela sua cabeça o desejo de que o motorista tivesse um surto e passasse “batido” chegando a tempo de pegar um lugar no das seis. É egoísmo, não é louvável, nem de se orgulhar, mas é fato. Fugimos do assunto, onde estávamos? Ah, nas curiosidades! Não sei bem o porquê dessas atitudes, acredito existir explicações que variam entre a pressa de sair do ônibus, o cansaço, alguns atos reativos e o desejo de superioridade. O ser humano é esquisito, estudos dizem que ao nosso redor mantemos um círculo protetor num raio de 60cm do nosso corpo que, quando invadido nos leva as mais diferentes reações. Com a realidade brasileira, o desemprego e o horário de pico não podemos nos dar a esse luxo: 110 pessoas ocupam o lugar de 70, entre gordos, magros, grávidas, idosos, crianças e estudantes; nosso espaço é constantemente invadido, principalmente no “coletivo”. O percurso continua, cada parada é uma nova história, algumas pessoas entram e se acomodam enquanto outras se preparam para descer. Algo interessante para comentar é a disposição do diálogo no ônibus. Certas pessoas conseguem manter a discrição, mas não todas. É aquele caso da conversa forçada, quando a necessidade de falar supera o limite da razão e temos o privilégio de ouvir as pérolas do tipo: “Está quente hoje!” ou ”Acho que vai chover!” Essas pessoas são dignas de pena, dá para tentar melhorar ou até mesmo ser mais sincero: “Escuta, estou a algum tempo sem falar com alguém, não estou agüentando, por favor fale comigo!” Tudo bem, foi sincero demais. Procure algo que fique entre o clima e sua sinceridade, assim, ao menos você mantém a dignidade. Chega meu ponto, eu me levanto e desço, é um alivio saber que não desembarco sozinha. Sabe como é, ônibus de cordinha, morro de medo de não alcançar. Viviane das Graças Vieira
- baseado em situações reais

Um comentário:

Unknown disse...

Muito interessante, mas no final não aguentei morri de dar risada ashuashu, muito engraçado.