Entendo que para as coisas que nos decepcionam só há um
canal saudável por onde devemos deixa-las partir.
Já escrevi outras vezes sobre o que pode ser feito com
um pedaço de papel e uma caneta e o quanto um escritor pode sentir-se livre
neste momento. Mas hoje, por já não ser mais tão simples, fico feliz por
encontrar nos limites de um caderno uma certeza.
Quando alguns momentos roubam de nós o que temos de
bom e devolve um reflexo distorcido da nossa própria realidade nos resta
recorrer ao mundo que entendemos.
Conheço as margens do caderno, o som da caneta quando
todos os outros sons estão desligados, e , mesmo não tendo reconhecimento
publico pelo que escrevo, por um instante sei realmente quem sou, sem
diminutivos, exageros ou caricaturas...
Neste momento e por este momento recupero o que foi
roubado, devolvo cada palavra ao seu lugar com as medidas que lhe cabem e lanço
fora o que é excesso.
É um erro na nossa vida recolhermos os excessos,
reservar lugar para o que não se encaixa; o que ouvimos e não nos faz sentido
se guardado só ocupa espaço e nos torna pesados e cansados. Então deixemos
partir com um momento de explosão a que se tem direito, com um silencio de
racionalização e enfim com uma obra prima que nos faz descobrir que o que
temos de bom regressou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário