Acordei e vi que as horas haviam passado... Abri os olhos e vi que tudo havia mudado.

Esta não foi a primeira vez que abri os olhos, mas a cada vez é mais difícil. Já me esqueci o que é olhar nos olhos; não me lembro do que é falar sem medo, sem calcular cada palavra. Acostumei a falar o que querem ouvir e algumas mentiras até me enganam. Não sei o que é chorar para alguém ou o que é pedir ajuda.
Percebi, depois de tantos anos, que nem sequer gravei certos rostos, que vi a pouco como se fosse a primeira vez. Cheguei à conclusão de que Carlos Drumond, Mario Quintana e Luis Fernando Veríssimo sabem mais sobre mim do que eu mesma, ou ao menos é o que parece.
Tanta coisa eu queria ter feito e não fiz, queria ter dito e não pude. Tantas vezes quis chorar e sorri. Quantas verdades foram omitidas, quantos segredos foram segredos por não ter para quem contar.
As melhores crônicas não foram postas no papel, os maiores segredos ficam nas entrelinhas. A verdade fica escondida no fundo dos olhos, é onde, hoje em dia, ninguém procura.
Foi assim, eu acordei, quis gritar, mas não gritei. Quis um bom fim para a minha história e não encontrei.
Acordei, me senti só, cansada e triste. Contudo uma boa noticia: eu “senti” – não estava mais dormindo.
VIVIANE DAS GRAÇAS VIEIRA
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