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Hobbies

"Hobbies são manias que protegem o mundo de nossa insanidade, adquira alguns e terá menos vontade de atirar objetos sobre outras pessoas."
Viviane das Graças Vieira


terça-feira, 19 de maio de 2009

Afinal, por que estudamos?


"Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até BÊ-Á-BÁ
Em todos os desenhos coloridos vou estar
A casa, a montanha, duas nuvens no céu
e um sol a sorrir no papel." (Música: O caderno - Toquinho)
Memórias de uma estudante -baseado em lembranças reais.
Por: Viviane das Graças Vieira
Aula de biologia: “os átomos formam as células que unidas formam os tecidos que formam os órgãos que montam um sistema...” – por fim a longa definição se precipita no ser humano e na sua coletividade. Meu pensamento a muito já não estava mais ali, era apenas um corpo presente, as mãos agitadas batendo a caneta contra a carteira num som rítmico. Gastei horas pensando naquela tarde, do frio e das pessoas, embora esse não fosse o foco dos meus pensamentos: “A tarde era nublada, o céu cinza: cor única, contudo não chovia, ventava, não um vento forte, era mais uma brisa. Dia perfeito para sair com os amigos, bate-papo, risadas, cumprimentos e despedidas: todas as mãos tendem a se encontrar, nas bocas as mesmas frases. Logo, tudo pára! Perdi meus sentidos, não sentia o chão sobre meus pés, parada depois de tantas despedidas, eis a única pessoa... Parei, fitando seus olhos – todas as aulas, todo o conhecimento, toda a facilidade adquirida no curso de comunicação, acabou! – sussurrei as mesmas palavras que ouvia dos demais, no entanto com mais dificuldade, obtive, como dos outros, a mesma resposta, permaneceu entre as palavras o silêncio e a distância: meio metro da faixa de segurança. Quase se virava quando, de supetão, lancei: - Preciso falar com você! - Pode falar. - Não agora, espere um pouco. (...) Fomos ficando sozinhos, um a um todos foram embora, o coração acelerava, a língua prendia, a ansiedade e a vontade de estar em casa só para ignorar a conversa. Talvez fosse melhor dizer que não era importante, ou cobrar o CD que havia lhe emprestado, mas já era tarde. - Quer falar comigo? - Sim, senta. - Não, em pé está bom. - Senta! - Tudo bem. Fiz alguma coisa? - Não. - Então? Longa pausa, enquanto quase arranco o botão da minha jaqueta e tento sabe lá de onde tirar forças pra falar, solto com a agilidade de um comentarista de futebol, talvez até hoje a maior besteira que já falei: - Eu gosto de você! Não estou cobrando, perguntando ou querendo algo, só queria te informar. Depois do susto, da cara de surpresa e do silêncio constrangedor, fico pensando na asneira que acabei de falar, desde quando se informa que se gosta de alguém desse jeito, acho que era para dar a entender que se o agarrasse, dia desses na rua, teria uma justificativa. O que ele falou depois nem me importou, foi uma espécie de experiência que não deu certo e o resultado além do silêncio e da vergonha foi a conclusão de que nessas horas todos os cursos, todo o conhecimento e inteligência não valem de nada.”“. (...). A professora ainda fala, me levanto e saio da sala.


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