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Hobbies

"Hobbies são manias que protegem o mundo de nossa insanidade, adquira alguns e terá menos vontade de atirar objetos sobre outras pessoas."
Viviane das Graças Vieira


domingo, 25 de abril de 2010

Discutindo o relacionamento

- Oi, precisamos conversar!
Não eram raros esses momentos, mas aquele parecia de fato importante. Os olhares se cruzaram, a mesma preocupação e tom de seriedade na expressão.
- Não é uma boa hora para discutir relação, o dia mal começou...
- Nenhuma hora é suficientemente boa, você sempre procura uma desculpa!
- Tudo bem, pode falar.
- Não estou gostando do seu comportamento!
- De que comportamento você esta falando?
- Você sabe!
- Seja especifica...
(suspiro) Instante de silêncio. A conversa não era simples, muita coisa precisava mudar. As coisas não estavam fáceis e há algum tempo se falavam com tanta franqueza.

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- Você confia em mim?
- Sabe que sim, isso é uma pergunta tola.
- É relevante!
- Tudo bem!
- Então, posso ser sincera?
-Achei que já estávamos sendo.
- Será que os comentários irônicos podem ficar lá fora?
- Alguém esta de péssimo humor! Não quero discutir, esquece a ironia. Mas seja objetiva.
- Engraçado mencionar foi o que você esqueceu ontem, a objetividade!
- Não acredito, é isso!
- Devia ver a cena, foi digna de pena. Quantas vezes você foi até o telefone? Isso é obsessão!
- Não foi bem assim! Eu estava esperando uma ligação, o som do telefone está baixo e algumas vezes não dá para ouvir chamar.
- Me desculpe, acho que não tive a informação completa; ele prometeu que ligaria?
- Deu a entender que sim.
- Isso foi o suficiente para mudar o telefone para seu quarto?
- Não me censure, fiz em favor da praticidade.
- Eu chamaria de...
- Do que?
- Esquece!


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- Porque acha que ele não ligou?
- Não sei, devia estar ocupado
- È, com certeza! Devia estar muito ocupado em um dia que está de folga do serviço, e as  vésperas de  um feriado. Provavelmente, estava atarefado com os preparativos para o almoço de Tiradentes.
- O que aconteceu com aquele papo sobre ironia?
- Isso não foi ironia, foi sarcasmo.
- Achei que fosse a mesma coisa.
- Não vem ao caso...

- O que você quer que eu diga? Que fui patética, tola, ridícula? Que a sombra da menor possibilidade, fiz o papel de uma romântica incorrigível, a espera de um milagre?
- Eu usaria só os dois primeiros adjetivos, mas pode definir como quiser

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Alguns segundos de silencio, enquanto toda cena dos últimos dias passam como um filme na mente. Nunca se encontrara nesta situação, há dias não era a mesma pessoa... Músicas românticas, poemas de Vinicius de Moraes, coraçõezinhos, florzinhas... Realmente, era de se estranhar. Não foi a toa que chegou a esse ponto.
Anos de faculdade e cursos, inteligência notável. Extremamente equilibrada ( nem tanto!), profissionalmente impecável, exímia oradora, viu-se sem palavras diante da sua atual condição.
Mais alguns minutos, até recobrar sua consciência. Riu consigo mesma, olhou de novo para aquela que a questionava, suspirou fundo:
- Você tem razão!
- E o que você  vai fazer?
- Eu já fiz.

- Você é incrível!
- É eu sei!

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Alguém bate na porta do banheiro:
- Vai demorar?!
- Não, já acabei!
Olha pela ultima vez o espelho, ajeita o cabelo e suspira ao encarar o reflexo ao sair: “Bom dia!”

VIVIANE DAS GRAÇAS VIEIRA





domingo, 11 de abril de 2010