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Hobbies
"Hobbies são manias que protegem o mundo de nossa insanidade, adquira alguns e terá menos vontade de atirar objetos sobre outras pessoas."
Viviane das Graças Vieira
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
A MARCA DO TEMPO

O som das últimas gotas de chuva era a música da manhã, acompanhada do cântico dos pássaros que se alvoroçavam para entoar um hino de louvor pelo fim da tempestade. A luz ainda era pouca e entrava timidamente por uma brecha na janela, devido a intensidade da luz podia se dizer que o sol logo viria e brilharia em todo seu esplendor.
Porém, tudo naquela manhã que divulgava um lindo dia parecia não fazer sentido: ao olhar para o par de chinelos abandonados próximo a comoda uma desolação sobreveio.

Ficou a pensar se, tal qual o par de chinelos, também sua vida estaria "gasta", seus sonhos, tudo pelo qual lutou. Será que tudo perde seu valor com o passar do tempo como nos ensina a sociedade capitalista? O novo que se torna velho em fração de segundos, relacionamentos com prazo de validade e os motivos tornando-se obsoletos antes mesmo de exercer sua função motivadora. Pessoas E sentimentos equiparando-se a máquinas e tecnologias com preço em declínio.
Olhava para o chinelo e todo o seu ser gemia em profundo e gélido silêncio. Aquele que foi por tanto tempo seu companheiro, confidente de cansaço e tropeços, estava agora abandonado. Seus serviços, agora, desnecessários por tempo indeterminado, mas que a cada segundo ganhava peso de anos. Os pés que os calçava perdera sua vitalidade, sua força, seu vigor...
Como o companheiro no canto do quarto seu coração pulsava um lento abandono, um sensação de inutilidade.
Quando um forte barulho de um carro interrompeu a trilha sonora de seu devaneio pôs-se a pensar no quanto o senso de utilidade nos faz rotular os sentidos da nossa vida, tudo o que existe deve ter uma utilidade e quando não mais tiver será descartada. Vivemos a era descartável, os ambientalistas gritam por um mundo sustentável e ao fim do dia sentam-se a beira de uma mesa para discutir o improvável destino do mundo e sobram de suas conversas as latas de refrigerantes vazias depositadas sobre algum balcão. Descartamos porque reciclar é um processo demorado, exige esforço, exige tempo e o tempo passa e leva com ele nossa força.
A fraqueza daquele corpo deitado a meia luz fez seu protesto com uma lágrima que trilhava pelo seu rosto já enrrugado e marcado pelo sofrimento e pelas batalhas de uma vida inteira. Outras lágrimas caíriam, mas a dor tornou-se tão forte que já não doía.
A natureza, que outrora cantava a extrema alegria, parecia silenciar-se à espera de um milagre. A porta do quarto começou a abrir timida e lentamente e uma pequenina mão fragil e ao mesmo tempo forte e decidida pode ser enxergada. Logo a presença nobre e infantil, dotada de beleza e de vida trouxe um novo som ao quarto. Os velhos e cansados olhos contemplava outros cheios de esperança e sonhos, permaneceu por um instante o silêncio dos olhares se cruzando, era como se algo estivesse acontecendo, um silêncio anestésico. Aos poucos a criança aproximava-se da cama como se pedisse licença, mas sem nada dizer. Quando percebeu obter um ligeiro e fraco sorriso como resposta a neta agasalhou-se no colo enfraquecido da avó. Suas palavras doces falavam menos que seu carinho, seu olhar de admiração tornou-se cura para o envelhecido coração. Era como se de repente os dois corações batessem no mesmo compasso, os lábios de menina pronunciaram as palavras que devolveram as esperanças e fez com que o fato do mundo, as vezes, ser tão cruel e materialista perdesse sua importância:
- Vovó me conta uma história?
Aquela mulher, não mais um corpo marcado pelo tempo, recuperava sua dignidade e diante da súplica que chegava aos seus ouvidos começou a desenhar em palavras uma história tão cheia de vida como o brilho que agora morava nos seus olhos.
Viviane das Graças Vieira
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Tenho medo...

Quero fazer uma confissão: tenho medo do BuddyPoke.
Sim, aqueles bonequinhos bizarros que rondam o orkut. Já tive até pesadelo. Eles entravam no meu quarto querendo me abraçar e rodopiar, era muito estranho, acordei assustada e tirei o computador da tomada.
É sério, eles são assustadores. Além disso me pergunto, porque parece interessante dar volta de bicicleta ou beijar alguém virtualmente! É o fim do mundo! Sou da época em que dar abraço, andar de bicicleta, beijar, andar de mãos dadas aconteciam de fato.
O que aconteceu com essa geração! As pessoas se trancam no seu quarto com o seu computador e dão um abraço de urso no vizinho via BuddyPoke; cadê as conversas na porta de casa, o sorvete do domingo á tarde?
Não, eu não estou sendo nostálgica! Mas a realidade me revolta!
Vi um garoto chutar a canela do outro virtualmente, tenho saudade dos arranhões!
Bom, essa é minha confissão, álias, meu desabafo; não consegui segurar.Viviane das Graças Vieira
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Quando o amor acontesse...
Quando o azul do céu fica mais forte, quando os olhos se perdem na imensidão do mar, quando a beleza de uma flor e o cantar de um passáro nos rouba de nós mesmos. Quando nos deparamos sonhando diante do pôr do sol. Quando os sonetos começam a fazer sentido. Quando aluz da lua ressussita as esperanças... Quando nos permitimos usar uma roupa colorida e abandonar as convenções. Quando a primavera invade outra estação do ano, quando nos maravilhamos com as cores que pintam o céu no cair da tarde. Quando os olhos brilham, as lágrimas caem, o sorriso é sincero, asmãos se dedicam a escrever uma carta. Quando momentos simples proporcionam uma felicidade verdadeira. Quando o rídiculo é o caminho mais sensato e alguns segundos provocam marcas eternas. Nesses momentos em que a vida é mais leve e tentamos, de alguma forma, definir o porquê do "quando"; descobrimos que há um mistério divino preso em cada detalhe, descobrimos que a vida só é vivida quando o amor acontece.
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